POEMA DE AMOR CORTADO
(Heloísa a Pedro Abelardo)
Ariane Sales
Amado Pedro,
Muitos cantam a vida
Cantarei o amor
a ti
porque és único,
íntegro e belo:
o mais belo de todos.
Venerar-te,
constância de espírito:
cubro a cabeça
em Argentenil
somente por ti.
Mesmo tão longe,
perto te vejo
como se aqui estivesses.
E tenho saudades
do riso e das cálidas palavras.
E em sonho:
Mordo teus lábios
Beijo teus brancos dentes
Cubro de beijos teu corpo
E amo...
Solidão...
Desejo teu amor na hora do desejo
e choro...
Melancolia...
Ai! Quanto sofrimento
e dor na despedida
e agora!
Tesouro roubado:
Alegria, carícias...
teu corpo claro:
ombros, peito, pêlos...
E tuas mãos fortes e quentes!
Não quero esquecer:
À luz, tua memória;
À noite, um fantasma.
Não posso esquecer:
Nosso amor, seu fruto,
o enlace secreto,
a louca sangria...
Ah! Quanta insanidade
e horror perante os céus
e os homens!
Nada fizeram;
nada quiseram fazer:
a não ser consentir...
Perdi a esperança
nos céus
e nos homens.
Meu sacramento,
o amor por ti.
Em Paracleto,
zelo por ti.
(Perdoa-me não amá-Lo como tu.)
Minha adoração eterna.
Tua sempre,
Heloísa.
França, século XII.
Um comentário:
Ariane, adorei este poema...
Muito bom, menina...
Beijo
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