Arte

A arte não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para forjá-lo.
Maiakóvski

domingo, 25 de maio de 2008

Educação Digital

O Uso das Tecnologias na Escola e o Papel do Educador diante
dessa Nova Realidade


Ariane Sales

É consenso entre os profissionais da educação que não se pode mais negar a influência das tecnologias de informação e comunicação (TICs) na educação escolar. Desde a orientação dada pelo órgão de instância maior responsável pela implementação de propostas na educação brasileira, o Ministério da Educação, até o simples fato de nossos alunos terem cada vez mais acesso a internet, essa realidade se constitui em fato.
Precisamos compreender tal realidade e tomar um posicionamento diante da mesma de modo crítico e com bom senso. Se não podemos, de um lado, ignorar tal influência “escondendo a cabeça na terra” feito avestruz, por outro, não podemos supervalorizar os efeitos da informática na escola como a grande impulsionadora de processos de aprendizagem por si mesma, como ingenuamente pensam alguns.
Pois nem mesmo se pode ter essa atitude em relação à educação, constituindo-se a mesma em fator de transformação social, mas nunca em determinante, principalmente de modo isolado, como querem nos fazer pensar certos discursos, principalmente políticos.
Como diz Paulo Freire: "O educador e a educadora críticos não podem pensar que, a partir do curso que coordenam ou do seminário que lideram, podem transformar o país. Mas podem demonstrar que é possível mudar. E isto reforça nele ou nela a importância de sua tarefa político-pedagógica" (2001: p. 126-27).
Falar, porém, do uso das tecnologias na escola e o papel do educador diante dessa nova realidade não é algo simples, principalmente pelo grande isolamento da escola em relação às mudanças que ocorrem no mundo continuamente. Pois o modelo de escola pública que predomina em nossa cidade e em parte considerável do País, se assemelha com o da escola no século XIX, onde o trabalho do professor é pautado pela utilização do quadro e do livro didático, utilizando-se principalmente (e basicamente também) da aula expositiva. Grande parte de nossas escolas não
possui biblioteca, sala de vídeo, laboratório de informática etc., e estão assim, alheias às inovações tecnológicas e da informática.
E para além dessas questões materiais e que refletem um posicionamento político de quem dita os rumos da educação no país, estados e municípios, ainda se tem o agravante da falta de preparo dos profissionais para um trabalho com a instrumentação eletrônica.
“Como em tantas outras áreas de atuação humana impactadas pelas tecnologia de formação e comunicação, também na educação o desafio só será vencido quando essas tecnologias forem compreendidas e incorporadas pelas pessoas de modo inteligente e criativo. Aqui, surge a necessidade de capacitação continuada, até porque essas
tecnologias evoluem diariamente.” (Vanzolini)
Sabemos que, dentre as tarefas nossas de cada dia, talvez a mais importante seja cuidar da própria formação, pois não é possível ajudar os alunos a aprenderem, se nós mesmos não estamos dispostos a pagar o preço para, também aprender. Não se deve cobrar leitura, se nós mesmos não lemos; produção, se nos recusamos a elaborar, manejar instrumentação eletrônica e lidar com a informática, se não sabemos fazê-lo.
Assim, resta-nos cuidar da formação própria tendo em vista desenvolver um trabalho na escola que se utilize das tecnologias, bem como ajudar os alunos a também serem incluídos nessa realidade, fazendo bom uso dos laboratórios que algumas escolas possuem, melhorando os ambientes educativos e as metodologias de ensino e de aprendizagem.
Além disso, pra que o trabalho seja significativo e venha a alterar a dinâmica da escola, cabe-nos também a tarefa de incentivar e motivar os demais professores, para a importância da formação voltada para a utilização dos recursos tecnológicos disponíveis. Lembrando que “neste cenário de educação continuada para centenas de milhares de pessoas em curto espaço de tempo, a educação à distância é uma solução bastante adequada. Talvez a única possível, se considerarmos que os recursos financeiros não são infinitos”.
E há mesmo uma tendência pela oferta de cursos de formação de caráter semipresencial, com formatação que inclui aulas presenciais e aulas e ou atividades à distância, o que já reflete, de certo modo, a tendência pela utilização da instrumentação eletrônica e da informática, tão presentes em nossa vida.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 20. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001.

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